Cordas de Baixo, como escolher: um guia.
Existe coisa mais confusa do que escolher cordas de baixo? Há tantas opções que fica difícil de decidir qual levar e principalmente saber se aquele é o modelo que você precisa.
A Musica Center fez um guia simples pra te ajudar a escolher as cordas ideais pro seu contrabaixo!
Vá direto para o que te interessa:
Espessura
É comum vermos nas embalagens das cordas .040, .045, .050. Mas o que esses números significam?
Eles estão indicando a espessura da primeira corda (ou a corda mais fina), que geralmente é a corda G (Sol). No entanto, alguns fabricantes especificam os calibres de todas as cordas na embalagem, então é bom ficar de olho nisso também.
Existem cordas super leves, leves, médias, pesadas e super pesadas. Vamos olhar algumas delas:
Leve
As cordas chamadas super leves e leves são as de menor espessura de calibre, geralmente entre .030 e .040. Esse tipo de corda garante mais agilidade e conforto na hora de tocar.
É ideal para iniciantes pois as cordas mais leves criam menos tensão, facilitando o aprendizado. Por isso é boa pra ganhar agilidade na mão esquerda.
Mas elas não são indicadas apenas pra quem está aprendendo. Se você usa técnicas como tapping, slap, two hands ou toca acordes ela também vai ser ótima pra você.
Por exemplo, Cliff Burton, ex-baixista do Metallica, usava cordas leves. Ele até tinha um modelo de corda com sua assinatura que ia do calibre .035 (a corda G) ao .090 (corda E).
Média
As cordas de espessura entre .040 e .045 são as mais encontradas em lojas e as mais utilizadas por quem toca.
Geralmente tem mais sustain do que as mais leves e possuem um som mais cheio. Por serem mais grossas, exigem pegada e experiência.
Indicada para técnicas como two hands, slap, e principalmente grooves.
Quem usa bastante esse calibre de corda é o Flea, baixista do Red Hot Chilli Peppers. Mais especificamente, cordas com espessura a partir de 0.45.
Pesada
Cordas acima de .050 de calibre são chamadas de pesadas e super pesadas.
Sua tensão é maior, o que exige mais força pra tocar. Em compensação, é muito mais difícil que elas arrebentem por serem bem grossas.
São ótimas pra quem gosta de tocar com afinação dropada.
Tipos e timbres
Existem vários tipos de cordas: as flat-wounds, half-wounds, round-wounds, tape-wounds.
Vamos focar aqui nas mais comuns: round wound e flat wound.
Round Wound – Brilhante
O que difere os modelos de cordas é a forma como são construídas. Como você pode ver na imagem, a round é formada por uma corda de aço envolta por um fio redondo que pode ser tanto de aço inoxidável quanto de níquel.
As de aço inoxidável são mais “duras” e desgastam mais rápido os trastes e podem ser mais grosseira ao toque. Em compensação, são as melhores para slap e tapping.
As de níquel são as mais versáteis e vão com os mais diversos estilos de música e técnicas.
As cordas round são as mais comuns entre baixistas. Elas possuem uma textura característica e seu timbre é brilhante.
Esse modelo tem sustain prolongado (maior do que as flat-wounds) e geralmente são mais baratas.
Flat Wound – Aveludado
Já as flat consistem em uma corda central de aço envolta por um fio achatado, fazendo com que o toque seja bem mais suave e reduza o ruído de contato dos dedos nas cordas.
As flat são as mesmas usadas em baixos acústicos. São ótimas pra instrumentos sem traste e possuem um som aveludado.
Combina com estilos como R&B, soul e reggae e técnicas como finger style e walking bass.
Química Baixo / Cordas
Eu não sou perita em baixo – na verdade não sou perita em nada – mas nas minhas pesquisas me deparei com dicas bem legais de baixistas sobre como escolher o tipo das cordas. Isso começa quando você escolhe o instrumento.
Se você tiver um baixo que acentua o brilho, dedicado a um estilo musical que peça essa característica, fique com as cordas brilhantes ou super brilhantes.
Porém, se você já escolheu seu baixo na intenção de um som mais aveludado, você pode usar cordas flat-wound pra realçar isso. Contudo, você sempre pode contar com o equalizador do instrumento, se for usar cordas round-wound, pra tirar um pouco do brilho, mesmo que esse não seja o cenário ideal.
Quem me chamou a atenção pro tema foi o baixista Marcelo Feldman em seu vídeo sobre cordas. Ele diz:
“É muito importante levar em conta o baixo em que você vai colocar as cordas […] Você pode pensar que se eu pegar uma corda mais fechada como a flat-wound e colocar num baixo brilhante como o Stingray, eles meio que se equilibrariam e soaria muito bem. Mas, na verdade, eu notei que é exatamente o contrário disso.”
Vou deixar aqui em baixo o vídeo dele que está em inglês mas tem a opção de legenda com tradução automática para português. Eu recomendo assistir esse vídeo mesmo que seja só a parte comparativa dos timbres entre baixos diferentes.
Tamanho da Escala
Sempre sempre sempre que for comprar cordas verifique se ela suporta o tamanho da escala do seu instrumento.
As escalas mais comuns são as curtas (de 30 ou 31 polegadas), médias (32 polegadas) e longas ou padrão (de 34 polegadas). Essa distância é medida do rastilho até a ponte.
Os baixos de 5 cordas, em geral, tem a escala de 35 polegadas.
As cordas que encontramos no mercado geralmente são para escala longa. Mesmo assim é importante conferir pra não ter erro.
Quando devo trocar?
Muitas pessoas trocam as cordas apenas quando uma delas arrebenta. No contrabaixo é mais difícil isso acontecer, por isso é corriqueiro que nunca troquemos as cordas. Uma vez no ano talvez.
A recomendação é variada. Tem gente que diz que a cada 3 meses ou todo mês se você toca com muita frequência. Se você tiver o hábito de limpar as cordas sempre depois de tocar – e sempre tocar com as mãos limpas – entre 6 e 8 meses.
Mas assistindo um dos vídeos do glorioso Fernando Rosa, um que falava justamente sobre cordas, fiquei surpresa com a opinião dele em relação a isso.
Rosa conta que não tem o costume de trocar as cordas e ainda que guarda as cordas usadas. Diz ele que essas são suas cordas preferidas, já que ele gosta de um som bem aveludado, pois com o tempo de uso as cordas perdem o brilho e assim elas soam melhor pra ele.
“A corda mais velha que eu tenho aqui é de 8 anos. É uma flat-wound de 8 anos, mas tem um som, é um creme, cara, é um smooth“
Enfim, achei interessante e queria compartilhar essa opinião um tanto travessa ao convencional.
Deixo abaixo o vídeo completo:
A principal frase que me fica na cabeça depois de assistir tantos vídeos e ler tantos artigos sobre o assunto – e que se repetiu inúmeras vezes – é: Experimente diferentes tipos de cordas com diferentes modelos de instrumentos e descubra o que soa melhor para você. No fim das contas, isso tudo é uma questão de gosto.
Até mais!
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Isabela Leite é redatora do blog Café no Estúdio e SEO da Musica Center. Técnica de som e roadie temporariamente parada por conta da pandemia, toca guitarra e canta na banda Metromanas, é sound designer na Titubá Produções e encabeça o projeto musical Bile Bauer. |